17 de dez. de 2012

As horas passam, mas a vontade de te ter fica.

É estranho o modo como eu encaro o relógio e percebo que as horas passam mais lentamente. Os dias vão se arrastando e cada minuto que fico parada observando os ponteiros, parecem uma eternidade. Mesmo sabendo o quão tolo e errado é, eu continuo depositando esperanças numa história que não acontecerá. Mas, não desisto.
Meus pensamentos insistem em procurar-te e eu, cansada, não impeço. Não quero acostumar-me com a tua ausência, não quero ter que mandar-te para longe e não quero seguir em frente. Por mais que pareça loucura, — e eu não me importo que seja — a dor é a única lembrança sua. Foi a única coisa que sobrou e que me faz perceber que tudo não foi apenas um sonho e isso machuca. Eu não quero te deixar no passado, eu te quero comigo, no presente.
Não quero ouvir sua voz e não sentir meu coração saltitar. Não quero ver o seu sorriso e não ficar triste por não ser o motivo dele. Por mais que seja preciso, por mais que me machuque profundamente, eu não quero. Eu não posso, eu não consigo. E não, eu não acredito que fui tão tola a ponto de te deixar partir assim, sem mais nem menos.
Eu te perdi pra uma garota qualquer que você conheceu cinco minutos depois da nossa briga. Enquanto eu chorava, você ficava conversando com ela, já me deixando de lado, me esquecendo. Praticamente agindo como se eu não existisse. E eu lá, tentando ser forte, tentando engolir o orgulho para poder, finalmente, correr atrás de você. Em vão, porque enquanto eu fazia isso, você simplesmente não se importava. E quando me via na rua, virava o rosto, atravessava a rua ou fingia que estava falando com alguém no celular. E eu abaixava a cabeça e continuava andando. E depois olhava pra trás te vendo caminhar e cada vez ficar mais distante, cada vez mais longe. Até que você virava a esquina e eu suspirava e me arrependia de não ter parado você e ter te segurado pertinho de mim, nem que fosse por apenas um minuto.
Eu me arrependia e deixava as lágrimas contornarem o meu rosto e continuava andando, como se nada tivesse acontecido. Quando chegava em casa, eu escrevia tudo isso num caderninho velho, que estava lá e eu não queria jogar fora. Escrevia tudo nos mínimos detalhes, apenas para que quando eu sentisse sua falta, eu o lesse e lembrasse de tudo aquilo, e chorasse até não poder mais. Mas disso eu não me arrependo. Eu sonhava com o dia que eu olhasse para todas aquelas folhas e risse. Eu riria por ser tão tola, por ter chorado tanto assim. E depois, quando eu fosse dormir, no fundo eu sabia que isso era pura mentira. No fundo nós sabemos que eu nunca deixaria você ir embora por completo. Um pouquinho da dor, de todo aquele amor, e todas aquelas lembranças ficariam comigo por um longo tempo ainda. E tudo isso porque eu não quero ficar sem nenhum pedacinho seu por perto.

(Alessandra Delgobo)

4 comentários:

  1. Que texto maravilhoso! Fez vir a tona sentimentos que eu nem sabia que existiam em mim. Parabéns pelo dom de escrever que tens!

    Beijos, Alyne.
    www.naomeentendamal.com.br

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  2. nossa, texto ótimo! se "encaixou" perfeitamente na minha realidade agora :)

    beeeijos
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